Na Guiné-Bissau, a situação política enfrenta desafios significativos, com apenas a Presidência da República funcionando plenamente enquanto as outras instituições, como o Parlamento e o Supremo Tribunal de Justiça, enfrentam obstáculos. Desde a dissolução do Parlamento e a crise judicial que levou à demissão do presidente do Supremo Tribunal de Justiça entre outubro e novembro do ano passado, o país tem enfrentado uma série de problemas.
Claudina Viegas, vice-presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, compartilhou suas preocupações em uma entrevista à DW África. Ela destacou questões como o aumento da insegurança alimentar e conflitos trabalhistas no setor da educação e saúde. Viegas enfatizou a dificuldade do governo atual em implementar medidas eficazes devido à falta de legitimidade democrática.
Ela alertou que as contínuas crises políticas representam uma séria ameaça aos direitos sociais e econômicos dos cidadãos guineenses, sublinhando a urgência de uma resolução para garantir o bem-estar e a estabilidade do país.
DW África: Qual é o impacto concreto da atual situação política do país, principalmente com o não funcionamento eficaz dos órgãos do Estado?
Claudina Viegas (CV): As crises em curso têm um impacto generalizado nos direitos humanos, especialmente nos aspectos sociais e econômicos, resultando em retrocessos significativos em diversos indicadores. As famílias guineenses enfrentam dificuldades econômicas e sociais crescentes, acompanhadas por um aumento da criminalidade. Setores fundamentais como saúde, educação, alimentação e saneamento sofrem graves consequências, refletindo um impacto extremamente negativo nos direitos civis, sociais e econômicos.
DW África: Atualmente, com esta crise, como está o setor da educação e da saúde? Há greves programadas?
CV: Houve uma greve no Hospital Nacional Simão Mendes, embora tenha tido pouca adesão em todo o país. Em dezembro passado, o Sindicato Nacional dos Professores (SINAPROF) apresentou um caderno de reivindicações ao Governo, abordando 22 pontos relacionados aos problemas no setor educacional da Guiné.
DW África: Como está o preço dos produtos de primeira necessidade no mercado?
CV: Apesar da comunicação do novo governo sugerir algum debate, a crise está elevando os preços de produtos básicos devido à especulação por parte dos operadores econômicos, agravando as dificuldades enfrentadas pelas famílias guineenses. Uma resposta coordenada entre os guineenses e os parceiros de desenvolvimento é crucial para lidar com as consequências dessa crise, que afetam tanto o investimento nacional quanto o estrangeiro.
Cortesia: DW Africa