Embaixador anuncia ligação aérea entre Angola e Cabo Verde

Júlio Morais, que falava à margem do jantar de confraternização em alusão às celebrações do 49º aniversário da Independência Nacional de Cabo Verde, assinalado sexta-feira, 5 de Julho, disse que os dois Governos estão a trabalhar para que o regresso dos voos seja um facto.

“Já há conversações directas entre os dois ministérios, entre as duas operadoras aéreas, inclusive tem um avião da TAAG alugado e a nossa intenção é, eventualmente, podermos adquirir este avião”, disse, acrescentando que “a nossa ideia é estender, porque queremos ser uma plataforma para a TAAG na África Ocidental”.

A retoma desta linha aérea, referiu, está em primeiro lugar na agenda do seu país, tendo sublinhado que desde a chegada a Angola, há um ano, começou a desenvolver contactos com o Governo, em sede do Ministério dos Transportes, mas, também, junto da TAAG. “Estamos satisfeitos com os avanços conseguidos”, disse.

Interrogado sobre os “timings”, o embaixador de Cabo Verde referiu que as negociações estão em curso. “Não lhe posso falar de detalhes, na certeza de que há um crivo político muito forte para avançar. As partes técnicas já estão em contacto directo. Está-se a fazer o estudo de viabilidade junto do mercado da CEDEAO. Na certeza de que já não há voos políticos, esses voos têm que ser rentáveis e, portanto, estamos a ‘partir pedra’ nesse momento, mas temos confiança que, até ao fim do ano, haverá boas novidades, nesse sentido”, adiantou.

O embaixador de Cabo Verde informou, ainda, que a segunda prioridade do país em Angola é desenvolver um projecto agropecuário de grande dimensão, que possa respeitar o objectivo primário de mitigar a segurança alimentar em Cabo Verde, mas também promover as exportações de Angola para o seu país, através da conectividade aérea e marítima directa.

“Estamos a atacar estas duas questões actualmente. Como se vê, é um complexo interligado de questões que estamos a abordar, por vezes pode demorar, mas estamos no caminho certo”, explicou.

Sobre as comemorações dos 49 anos de Independência, em Benguela, o embaixador destacou a Cidade das Acácias Rubras, que acolheu os primeiros cabo-verdianos nos finais do século 19, que em regime de contratados desembarcaram com a missão de massificar o cultivo do açúcar.

Disse que já lá vão cinco gerações, referindo não ser por acaso que é a terceira vez que “vimos aqui nesta Cidade das Acácias Rubras, desde que nos acreditamos em Julho do ano passado em Angola”.

À semelhança do que se regista em Angola, disse, a mesma comunidade está perfeitamente integrada na sociedade e na economia angolana, a todos os níveis, tendo se transformado, também, no agente de desenvolvimento do país irmão, que tão bem e harmoniosamente “nos acolheu e vem acolhendo”.

Comunidade em Angola

Em relação à comunidade e descendentes de cabo-verdianos, Júlio Morais disse  que são “dignos representantes do nosso país, a nossa 11ª ilha aqui em Angola, que muito nos orgulha”.

O diplomata garantiu continuar a empreender acções, esforços e meios de defesa dos interesses e promoção da integração da comunidade, dentre as quais destacou as medidas que têm sido implementadas, citando, a título de exemplo, a publicação da extensão da vigência da campanha extraordinária de atribuição da nacionalidade cabo-verdiana até à segunda geração, para 31 de Dezembro, e a aprovação recente da extensão da aplicabilidade desta medida até à 3ª geração.

A outorga de pensões pecuniárias aos mais vulneráveis e carenciados, a concessão de bolsas de estudo aos descendentes, assim como a procura de vagas nas universidades para os mesmos e o reforço da capacitação técnico institucional do consulado de carreira em Benguela, representam também desafios do chefe da diplomacia de Cabo Verde no país.

A Embaixada, prosseguiu Júlio Morais, continuará a estar sempre ao lado da comunidade, tentando antecipar as soluções, implementando-as em estreita articulação com as autoridades angolanas, mediante as orientações claras do Governo de Cabo Verde.

“Crescemos mais de 15% em 2022, e 2023 passamos para 4,5 e está prevista a taxa de 5,5 % em 2024. As perspectivas são boas para fortalecermos ainda mais a nossa política e acção em favor das comunidades emigradas”, disse.

Fonte: Jornal de Angola

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